Sofrimento relacionado ao trabalho.

Uma doença ocupacional ou uma doença do trabalho é a condição decorrente da exposição a fatores adoecedores ligados às atividades laborais ou presentes no ambiente de trabalho. A lista dessas doenças, emitida pelo Ministério do Trabalho, já conta com mais de 300 doenças, tendo sido atualizada em 2023 para incluir 165 novas patologias, como o burnout, COVID-19, dependência química e mais de 50 de câncer, o que é um grande avanço no reconhecimento do impacto que o trabalho tem na vida e no adoecimento físico e mental dos trabalhadores.

Entre as principais questões que levam ao adoecimento e ao afastamento do trabalho estão:

• segurança – Falta de fornecimento de EPIs, treinamentos, garantia de ambiente seguro, cumprimento da lei por parte dos empregadores;

• saúde - Estresse, ansiedade, depressão, assédio moral e sexual, LER/DORT, problemas respiratórios, musculoesqueléticos, auditivos e de visão devido, e exposição a agentes nocivos;

• direitos trabalhistas - falta de registro, não pagamento de horas extras e benefícios, verbas rescisórias;

• precarização do trabalho - contratos temporários, informais, uberização do trabalho, desigualdade salarial;

• jornadas excessivas – desrespeito à necessidade de período mínimo de descanso entre jornadas e direito a férias para recuperação;

• questões de gênero e inclusão - mulheres e negros em posições subalternas e com salários menores.

Saúde mental no trabalho

O Brasil registrou quase meio milhão de afastamentos por transtornos mentais em 2024 segundo o Ministério da Previdência, sendo entre os mais comuns a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional. É um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico.

Já vem sendo tratada como uma epidemia silenciosa, que afeta principalmente as gerações dos millenials e a geração Z, mas pode afetar pessoas de qualquer idade. É decorrente também de uma cultura que romantiza o trabalho e o esforço excessivo, como forma de adquirir sucesso e dinheiro. Nesse contexto o adoecimento é visto como fraqueza, estigmatizando ainda mais a doença mental, culpabilizando o doente, sem apontar para a verdadeira raiz do problema.

As principais causas do burnout são a falta de reconhecimento da competência e esforço, más condições gerais de trabalho e o assédio moral e sexual. Essas condições tornam-se insuportáveis com o tempo, fazendo com que o trabalhador tenha maior dificuldade de lidar com questões relacionais no ambiente de trabalho, gerando situações de conflito ou de fuga. Voltar a esse ambiente torna-se um martírio e é comum o relato de que segunda feira se torna o pior dia da semana e o domingo um dia triste porque já é o final do descanso.

Outros sentimentos relacionados ao esgotamento profissional são a vontade de chorar e reações exacerbadas, sentimento de prisão e penitência, além da sensação de impotência. Sintomas de pânico e tristeza profunda também são comuns.

Quando buscar ajuda?

A doença mental normalmente é multifatorial, sendo causada por diversos fatores associados e combinados entre si. O trabalho é grande parte da vida da maioria dos adultos, sendo muitas vezes não apenas a fonte de renda, mas também o propósito e o motivo de reconhecimento social de função e status. E, tendo essa grande importância do contexto geral da vida, é também uma grande parte da causa ou do agravamento de condições de saúde mental.

Quando as doenças mentais relacionadas ao trabalho não são observadas e tratadas, podem vir a gerar maior sofrimento, pois a incapacidade de produzir em uma sociedade que qualifica os indivíduos por sua produtividade agrava muito seus sintomas e seus efeitos.

É importante buscar ajuda profissional assim que os sintomas comecem a ser reconhecidos.

Vamos juntos?